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Biologia

A Escassez de Água

Depois do aquecimento global, o segundo problema é a escassez de água em vários países, os quais já estão passando por situações extremamente delicadas.
Há seis mil anos, os povos da Mesopotâmia criaram uma nova forma de cultivar alimentos ao migrarem para o sul. Nessa região seca, que fica entre os rios Tigre e Eufrates e hoje corresponde ao sul do Iraque, cavaram valas e desviaram água do Eufrates para seus campos, inventando assim a irrigação agrícola. Esse novo processo transformou a terra e a sociedade, ocasionando um superávit na produção de alimentos, seu conseqüente armazenamento e, posteriormente, o seu comércio. Desde então, o uso da água na irrigação agrícola não parou de crescer.
Hoje, em muitas localidades, depois de se chegar ao limite máximo de utilização da água superficial disponível, procura-se usar a água subterrânea, através da perfuração de poços. O bombeamento é tamanho, que a água não se renova. Como não se consegue regenerar toda a água que é retirada, os aqüíferos vêm sofrendo depleção em diversas regiões e gerando um expressivo afundamento do solo. Calcula-se que, somente na Índia, China, Estados Unidos, África do Norte, Arábia Saudita, Paquistão Iêmen e México, são retiradas e não renovadas, quase 200 milhões de toneladas de grãos, suficientes par alimentar quase 600 milhões de pessoas. OU seja, mais de meio bilhão de pessoas são alimentadas por água que é retirada do solo de forma insustentável, predatória. Como essa água não está sendo recomposta, não é um bem natural renovável, infinito. É um recurso natural que vai acabar, que já está acabando. É um bem finito e, cada vez mais, escasso.
Na Índia, a situação é extremamente difícil. Nove estados vêm apresentando crescentes déficits de água, entre os quais os de Punjab e Hyrvana, que são grandes produtores agrícolas. O Instituto Internacional de Gerenciamento da Água de Sri Lanka estima que a depleção de aqüíferos pode vir a comprometer 25% da produção de grãos indiana. O Paquistão e o Iêmen também apresentam problemas semelhantes.
No norte da China, que é responsável por 40% de toda a produção de grãos do país, a disponibilidade de água está se tornando dramática. O déficit anual de 30 bilhões de metros cúbicos tende a crescer. Outro exemplo é o rio Yang-Tsé, que percorria um complexo sistema de lagos e várzeas, os quais foram drenados e modificados para o uso agrícola. Estas modificações geraram inundações que têm desalojado milhões de chineses nas margens do rio e dificultado o uso permanente de suas águas para abastecimento das populações.
Nos Estados Unidos, as maiores depleções têm sido registradas no Central Valley, Califórnia, responsável por 50% da produção nacional de frutas e vegetais, e em Ogallala, um dos maiores aqüíferos do mundo. Além disso, na Flórida, o pântano de EVerglades teve sua área reduzida em quase 50%, principalmente em razão do uso d a água para irrigação e da drenagem para urbanização de grandes áreas. Esse pântano - um ecossistema natural denominado "wetland" - funciona como um filtro, um sistema de solos filtrantes para as águas do rio Shark, de onde é captada a água que abastece 4 milhões de habitantes da região metropolitana de Miami. Com a diminuição do pântano, o rio Shark perdeu grande parte de seu filtro natural, e já foram necessários investimentos de mais de 300 milhões de dólares (de um programa de restauração do parque nacional orçado em US$1,5 bilhão) para se tentar corrigir essa situação e permitir que o abastecimento daquela região possa continuar sendo feito com as águas do rio.