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Biologia

Poluição das águas

Todos os seres vivos dependem de água para sua sobrevivência. A quantidade de água disponível tem sido mesmo um dos principais fatores determinantes do desenvolvimento da civilização. No entanto, apesar de quantidade limitada de água doce, o homem vem poluindo rios, lagos e outros cursos de água, ameaçando destruir um de nossos mais preciosos bens.

Também o mar, que com suas algas produz a maior parte do oxigênio do planeta e que é considerado por muitos uma das esperanças para a alimentação da humanidade no futuro, vem recebendo toneladas de poluentes anualmente, num ritmo que aumenta mais rapidamente que o da poluição do ar.

Diversas doenças são transmitidas pela ingestão de águas contaminadas ou pelo contato com elas. Isto ocorre principalmente em zonas rurais sem instalações sanitárias, onde os dejetos contaminam rios e lagos, favorecendo surtos de febre tifóide e hepatite. Doenças endêmicas, como a esquistossomose, também são contraídas através da água.

A poluição das águas pode ocorrer pelo lançamento em rios e lagos, de esgotos urbanos, de águas com resíduos de origem agropecuário ou industrial. Dependendo das substâncias presentes nestas águas, haverá vários tipos de poluição.


Falta de saneamento é responsável por grande parte dos casos de doenças e internações no Brasil
Foto: Paulo Liebert / Agência Estado

Morte por excesso de comida
(eutrofização)

O lançamento de uma quantidade excessiva de substâncias orgânicas na água, como restos de alimentos, sabões, etc, presentes no esgoto das zonas urbanas, ou então de fertilizantes e substâncias originadas de decomposição dos alimentos armazenados em silos na zona rural, pode causar um grave desequilíbrio ecológico.

Isto acontece porque estas substâncias servem de alimento a microrganismos que fazem a decomposição da matéria orgânica; a maior dos peixes e outros serem aeróbios. Além disso, na ausência de oxigênio, ocorre também a multiplicação de bactérias anaeróbias que, por fermentação, produzem gases tóxicos, os quais são liberados na atmosfera. Como vemos, esse desequilíbrio conhecido como eutrofização (eu = bem, trofo = nutrição), além de tornar a água inútil como fonte de alimento, também polui a atmosfera.

Poluição por substâncias não biodegradáveis

As industrias e usinas vêem lançando, nas baías e nos rios, um grande número de produtos tóxicos, como metais pesados, pesticidas (usados na agricultura), detergentes, petróleo etc. Estes produtos não biodegradáveis, isto é, não podem ser decompostos pelos organismos, ou então são lentamente decompostos. Por isso acumula-se nos corpos dos seres vivos, causando doenças aos organismos, que vivem na água, destruindo as formas de vida aquática e passando, através da cadeia alimentar, para o próprio homem.

Os detergentes não biodegradáveis, por exemplo, diminuem a capacidade de oxigenação da água e envenenam várias formas de vida aquática. Além disso, podem infiltrar-se no solo e contaminar as águas subterrâneas que o homem utiliza para beber, para preparar alimentos etc. Neste caso, os detergentes acabam por atingir diretamente o homem, destruindo sua flora intestinal e causando outros problemas ao seu organismo. Este foi o motivo pelo qual a fabricação de detergentes não biodegradáveis foi proibida no Brasil e em outras partes do mundo. Convém lembrar, que um excesso de detergentes biodegradável também causa problemas; além da eutrofização, eles são tóxicos para os peixes, podendo destruir também bactérias responsáveis pela decomposição de material orgânico.

Metais pesados como o chumbo, mercúrio, etc, também são muito perigosos. Um trágico episódio ocorreu no Japão em 1953, quando uma indústria lançou na baía de Minamata resíduos de mercúrio, usados com catalizador. Os peixes e moluscos foram contaminados e o mercúrio passou para a população que se alimentava desses animais, depositando-se principalmente no sistema nervoso das pessoas. Cerca de 120 indivíduos foram acometidos de paralisias, distúrbios visuais e lesões cerebrais e quatro, vieram a falecer.

Também na zona rural pode ocorrer contaminação de rios, quando são lançados dejetos animais, como estrume e esterco, que produzem GÁS SULFÍDRICO (H2S) e AMÔNIA (NH3) muito tóxica para a vida aquática.

Finalmente, calcula-se que cerca de 4 milhões de toneladas de petróleo sejam lançados anualmente nos oceanos, devido principalmente a acidentes com petroleiros e oleodutos, bem como as lavagens de seus tanques e a exploração de poços marítimos de combustível. O petróleo forma uma fina camada na superfície da água, impedindo a troca de gases necessários à fotossíntese e à respiração dos seres vivos.


Rio Tietê em Bom Jesus da Pirapora - SP

Medidas contra a poluição das águas

Ainda que a evolução dos processos técnicos permita atualmente a limpeza dos rios já poluídos, como ocorreu com o rio Tamisa, na Inglaterra, estas operações são demoradas e dispendiosas. Por isso, as medidas preventivas são mais importantes. Assim é necessário adotar um conjunto de medidas técnicas e jurídicas, planejadas integralmente e adequadas às condições de cada comunidade. Entre elas podemos citar;

- Interdição dos despejos e aplicação de multas pesadas às industrias poluidoras. Os resíduos perigosos, como metais pesados, devem ser armazenados e recuperados mesmo quando isto não for lucrativo economicamente.

- Proibição de fabricar detergentes não-biodegradáveis, já executado em vários países, inclusive no Brasil.

- Construção de estações para o tratamento de água e esgoto.

- Construção de instalações para transformar os detritos e os dejetos animais em adubos, para a produção de gás combustível.

- Proibição do lançamento de produtos petrolíferos no mar e instalação, nos petroleiros, de equipamentos que permitam separar o óleo da água, devolvendo a terra e aproveitando-o novamente. Pesquisas recentes vêm sendo feitas com variedades de bactérias produzidas em laboratório, capazes de decompor o petróleo, e que podem ser usados para limpar os tanques dos navios.