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GEOGRAFIA
Os textos a
seguir foram elaborados e organizados com o intuito de apresentar alguns
dos mais importantes fatores sobre a participação da água
na dinâmica natural da Terra, bem como no espaço geográfico.
A apresentação é uma compilação de
documentos de várias fontes e autores que fornecem conceitos e
definições importantes para a compreensão e análise
crítica sobre a origem, movimento, uso e preservação
da água.
Os
Movimentos da Água
Quando contemplamos
o mar e o vai e vem das ondas ou apreciamos um lago e sua tranqüilidade,
imaginamos que aquela água está parada e não dentro
de um ciclo de trocas de estados físicos e movimentação.
As águas dos rios se movimentam e chegam ao mar. E é justamente
com esta afirmação que podem surgir dúvidas como:
Por que os rios normalmente têm água em seu leito a caminho
do mar?
Por que os oceanos sempre têm a mesma quantidade de água?
É para ajudar a responder estas questões que o ciclo hidrológico
explica a dinâmica e a distribuição da água
no nosso planeta.
Ciclo
Hidrológico
"O ciclo
hidrológico, como é chamado o ciclo das águas, caracteriza-se
pelo movimento da água em seus diversos estados físicos:
a água é evaporada dos rios, lagos, oceanos, da terra, das
plantas etc. e se move através da atmosfera. Ela pode se condensar
e cair em sua forma líquida, de volta ao oceano e a terra, ou reevaporar
sem chegar a terra ou ao oceano. A precipitação (chuva)
que chega no continente cumpre várias trajetórias do ciclo
hidrológico. Uma parte pode se condensar e precipitar em forma
de chuva. Na superfície do terreno a água escoará
sulcando a terra para formar um canal de drenagem. O canal de drenagem
formará ribeirões, rios, lagos, e esses corpos de água
poderão chegar até o oceano, reiniciando o ciclo, ou evaporar,
voltando para a atmosfera.
O ciclo hidrológico explica simplificadamente a distribuição
da água e sua e a sua dinâmica. A água penetra no
solo por um processo chamado infiltração. A água
infiltrada poderá voltar para a atmosfera pela evaporação,
penetrar no solo e sair através de um corpo de água logo
adiante, em nascentes, podendo também se infiltrar até chegar
na zona saturada. Nessa zona saturada, a água poderá se
movimentar até chegar a uma área de descarga, que poderá
ser o oceano novamente, recomeçando todo o ciclo". (Revista
Ciência Hoje, 1999).
Movimento
da Água e Bacias Hidrográficas
"O funcionamento
do ciclo hidrológico ocorre em regiões circunscritas. Reage
diferentemente em regiões de acordo com os elementos locais: as
condições climáticas, as características do
relevo, a cobertura vegetal e a ação humana." (OLIVA
& GIANSANTI, 1995)
Na superfície terrestre encontramos áreas com disponibilidade
de água diferente, sendo esta abundante, adequada, com escassez
ocasional e insuficiente.
No Brasil, por exemplo, temos três destas características,
com exceção de áreas com quantidade insuficiente
de água. No Polígono da Seca, o clima semi-árido
tem influência direta na rede hidrográfica, e a disponibilidade
de água do local de escassez ocasional onde se pode encontrar rios
intermitentes ou temporários.
O exemplo acima demonstra a influência do clima no funcionamento
do ciclo hidrológico e seu resultado na bacia hidrográfica
de determinada área. Mas, é importante ressaltar, que a
ação humana também pode afetar a dinâmica do
ciclo das águas em uma área, alterando a disponibilidade
deste recurso.
"No espaço de uma
região qualquer, a água se concentra nas bacias de drenagem,
ou bacias hidrográficas. Podemos defini-las assim: o conjunto de
terras drenadas por um rio principal e seus tributários (ou afluentes).
A separação entre duas bacias será feita por terras
altas que exercem o papel de divisores de águas". (OLIVA &
GIANSANTI, 1995)
"Em uma bacia hidrográfica, existem entradas e saídas
de água. As entradas de água ocorrem pela precipitação,
pelo fluxo de água subterrânea que entra na bacia e pela
importação artificial de água. As saídas acontecem
pela evaporação de corpos de água, através
da transpiração das plantas, do escoamento de águas
superficiais, da saída de água subterrânea e da exportação
artificial de água.
O volume de água que entra numa bacia pode sofrer variações
positivas ou negativas: positiva, quando há adição
de água pelas chuvas; negativa, quando ocorre a subtração
pelo fenômeno da evapotranspiração.
As águas também podem ser provenientes de regiões
subterrâneas, que ficam a grandes profundidades da crosta terrestre."
(Revista Ciência Hoje, 1999).
"As bacias hidrográficas são originalmente sistemas
naturais de drenagem das águas, que, obrigadas pelos divisores
de água do relevo, escoam numa direção descendente.
O escoamento, conduzido pela força gravitacional, acaba dando uma
estrutura padronizada as bacias hidrográficas, sempre compostas
por um rio principal e seus tributários. Uma bacia hidrográfica
tem quatro partes: as cabeceiras, área de nascentes ou afloramento
dos lençóis d'água; os divisores de águas,
elevações que separam as águas de diferentes bacias;
os cursos d'água principais ou secundários; a foz ou desembocadura,
quando o rio deságua no oceano, em lagos ou em outros rios maiores."
(OLIVA & GIANSANTI, 1999)
Os textos apresentados sobre bacias hidrográficas objetivam defini-las
para que o leitor possa entender melhor sua dinâmica. Além
disso, pretende levá-lo a compreender que as bacias hidrográficas
estão ocupadas pelas sociedades e que a água é utilizada
para o desenvolvimento de suas atividades produtivas e para sua própria
sobrevivência.
As
Alterações Humanas na Natureza
Através da simples
definição de espaço geográfico como o conjunto
dos elementos naturais e dos elementos construídos pelos homens
sobre a superfície terrestre, pode-se iniciar a discussão
sobre como o movimento das águas é influenciado pelas
ações humanas atualmente.
O trabalho do homem, ou seja, o desenvolvimento das atividades econômicas
da sociedade produzem seu espaço geográfico. As alterações
são comandadas com o objetivo de obter recursos para sua sobrevivência.
Ressalta-se que as intervenções feitas na natureza podem
variar conforme a cultura dos grupos.
A água pode ser considerada como o recurso natural mais importante
para os homens, visto que, desde as antigas civilizações
ela foi motivo para a evolução de muitas técnicas
e condicionou a localização de vários povos.
Desenvolvimento de tecnologias e descobertas de novas utilizações
para os recursos naturais foram acentuados na Revolução
Industrial, que trouxe consigo as maiores e mais degradadoras transformações
da natureza.
Assim, até os dias atuais o homem tem desenvolvido técnicas
e utilizado cada vez mais os recursos naturais e raramente desenvolve
métodos para a recuperação ou controle dos danos
causados à natureza, como podemos perceber devido ao risco próximo
de falta de água.
Interferência
humana na natureza - Ciclo Hidrológico e Bacias Hidrográficas
As alterações
que o homem realiza no ciclo hidrológico estão relacionadas
a sua necessidade de utilização do recurso hídrico
disponível, já que ele é fonte de trabalho e de vida.
O homem o utiliza para:
§ Produção industrial § Turismo e Lazer
§ Irrigação § Despejo de efluentes
§ Abastecimento das cidades § Obtenção de energia
§ Obtenção de alimento § Transporte
Para cada uma
destas utilizações o homem interfere na natureza, podendo
variar o nível de degradação. Entretanto, a sociedade
urbana industrial contemporânea atinge níveis alarmantes
e, na maioria das vezes, de difícil recuperação.
As águas dos rios e subterrâneas são utilizadas no
processo produtivo das indústrias e no abastecimento das cidades.
Após o seu uso, normalmente, elas retornam ao curso d'água
sem nenhum tratamento, causando desequilíbrio entre os seres vivos
aquáticos e assoreamento, que é um dos responsáveis
pelas enchentes devido a grande quantidade de detritos depositados no
leito dos rios.
Ao mesmo tempo que serve para abastecer a cidade, o rio, serve como depósito
de efluentes lançados sem controle, com todo tipo de detritos,
resíduos químicos e orgânicos, sendo muitos deles
extremamente perigosos e causando uma alteração da composição
química da água. A poluição pode atingir níveis
tão alarmantes que a autodepuração natural dos rios
é interrompida ou mais demorada e mesmo o tratamento feito pelos
homens é muito difícil e oneroso.
As construções ocupam as áreas de várzea dos
rios e na época das cheias naturais ocorrem as enchentes porque
as águas extravazam o leito do rio, chegando a sua antiga várzea.
Há desvios de cursos, alterações de margens canalização,
enfim uma série de obras de engenharia para tentar controlar a
natureza das águas nas cidades.
Na zona rural o desmatamento favorece a erosão e o assoreamento
dos rios que diminui a profundidade seu leito e o volume de água.
Além disso, os agrotóxicos e fertilizantes deixam resíduos
no solo e as chuvas os transportam para os rios, lagos, poços e
reservatórios. Outra alteração ocorre através
da irrigação que utiliza águas subterrâneas
ou dos rios.
Para a obtenção de energia é necessário o
represamento de água alterando o armazenamento natural e os fluxos
de água.
Em muitas hidrovias são necessárias obras de aprofundamento
de leito, cortes de meandros, retificação, enfim, obras
que interferem no movimento e dinâmica natural dos rios.
Os oceanos são atingidos com todo tipo de poluição
que há no continente, já que ele é o grande depósito
de água do planeta. Existe ainda a pesca industrial e predatória
que pode levar a extinção de diversas espécies marinhas.
Quanto à pesca predatória, este é um risco iminente
também para as espécies fluviais.
Turisticamente mal explorada, a qualidade da água pode correr riscos
como em qualquer outra atividade econômica da nossa sociedade.
Através destes exemplos de interferência do homem na dinâmica
da água, e eles não terminariam aqui, pôde ser constatado
a alteração na quantidade, qualidade e fluxos deste recurso
tão importante para sua própria sobrevivência.
À vista disso, deve-se repensar nas atuais formas de intervenção
da natureza com o objetivo de buscar novas maneiras de obter os recursos
necessários para a sobrevivência do homem conservando o necessário
para as gerações futuras.
GLOSSÁRIO
Afluente:
"Curso d'água que
contribui para aumentar o volume ou descarga do curso d'água no
qual desemboca. "(Cartilha Manuelzão/UFMG)
Água: "Recurso
mais abundante e importante do nosso planeta. As estimativas indicam que
a quantidade total de água, em todas as suas formas, na biosfera
é de 1,362 sextilhão de litros; não é por
acaso que a Terra é chamada de planeta água. Mais de 97%
de toda a água encontra-se nos oceanos e é comumente chamada
de água salgada. Os 3% restantes compõem-se de água
doce. Cerca de 2% encontram-se nas geleiras e 0,5% são águas
subterrâneas; apenas 0,2% são águas superficiais (correntes,
rios, poços, lagos e reservatórios); 0,1% está no
solo, e menos do que isso encontram-se na atmosfera. A água cobre
mais de 70% da superfície da Terra e é um componente majoritário
no controle do clima por reter grande quantidade de calor. Ela é
essencial a todas as formas de vida, que são compostas principalmente
de água.
A água atravessa o ciclo hidrológico ou ciclo da água,
que continuamente reabastece os suprimentos de água doce, fundamentais
para a maioria das formas de vida. A despeito da grande quantidade de
água existente, a água doce é um recurso escasso
em muitas partes do mundo, inclusive em muitas áreas dos Estados
Unidos, onde ela é utilizada na irrigação.
A água disponível para o consumo humano (água doce)
divide-se em águas subterrâneas e águas superficiais.
Muitas das águas superficiais já estão poluídas
e muitos aqüíferos estão ficando contaminados, o que
torna essas águas inadequadas para o consumo humano. Os aqüíferos
subterrâneos estão se exaurindo, principalmente devido a
um processo de irrigação chamado de mineração
da água." (DASHEFSKY, 2001)
Assoreamento: "Processo
de elevação de uma superfície por deposição
de sedimentos" (DNAEE, 1976). "Diz-se dos processos geomórficos
de deposição de sedimentos, ex.: fluvial, eólio,
marinho." (GUERRA, 1978) O assoreamento, isto é, a obstrução
por areia ou por sedimentos quaisquer, é um dos principais problemas
das bacias hidrográficas brasileiras, causando enchentes e trazendo
enormes prejuízos. Aspectos como ocupação inadequada
do solo, desmatamento, práticas agrícolas sem critérios
técnicos e ambientais, lançamento de efluentes sem tratamento
e disposição de lixo a céu aberto estão entre
as principais causas de assoreamento." (Cartilha Manuelzão/UFMG)
Autodepuração ou depuração natural de um curso
d'água: "A autodepuração de um curso d'água
é a sua capacidade de promover a estabilização de
determinada carga poluidora nele lançada. Se, em um sentido mais
amplo, a autodepuração está associada à capacidade
de um corpo d'água retornar as condições ecológicas
iniciais, na prática, entretanto, isso não ocorre, porque
haverá a formação de compostos estáveis em
concentrações diferentes das anteriormente existentes, ainda
que a estabilização seja completa e o oxigênio consumido
seja totalmente recuperado. Do ponto de vista sanitário, no entanto,
a água estará depurada quando suas características
não forem conflitantes com seus usos preponderantes se convertem
parcialmente em ácidos que retornam ao solo arrastados pela chuva
e pela neve, ou incluindo em partículas sólidas. "
São as precipitações pluviais com pH abaixo de 5,6"
(BRAILE, 1983). (Cartilha Manuelzão/UFMG)
Bacia Hidrográfica: "Área
geográfica, delimitada pelos divisores de água (parte mais
alta do terreno) e drenada por um curso de água perene ou temporário
e seus eventuais afluentes. Constitui um ecossistema onde deve ser planejado
o sistema de gestão ambiental das áreas urbanas e rurais.
Área de drenagem de um curso de água ou lago" (SETTI,
1996).
"São grandes superfícies limitadas por divisores de
águas e drenadas por um rio principal e seus tributários"
(CARVALHO, 1981) - (Cartilha Manuelzão/UFMG)
Efluente : "
Descarga de poluentes no meio ambiente, parcial ou completamente tratada
ou em seu estado natural" (THE WORD BANK, 1978). Pode ser líquido
ou gasoso." (Cartilha Manuelzão/UFMG)
Enchente: "Cheia,
torrente, inundação" (FERREIRA, 1986). As enchentes
têm sido cada vez mais freqüentes, não só no
Brasil como em diversos países, em virtude das intervenções
humanas nas bacias hidrográficas. As principais causas das enchentes
são:
- a ocupação das áreas de inundação
dos rios; o desmatamento das matas ciliares;
- o uso e ocupação do solo de forma desordenada;
- a erosão;
- a construção de megalópoles com impermeabilização
de grandes áreas;
- a disposição inadequada de resíduos sólidos
(lixo e resíduos industriais);
- a prática da agricultura sem o respeito ao meio ambiente;
- a retificação de cursos d'água;
- o lançamento de efluentes contendo sólidos em suspensão,
provocando o assoreamento. "(Cartilha Manuelzão/UFMG)
Erosão: "A
erosão ocorre naturalmente enquanto o escoamento superficial das
águas flui para os córregos e rios. Uma erosão grave
ocorre quando as atividades humanas removem a maior parte da cobertura
vegetal, expondo o solo aos elementos. O desmatamento, a abertura de clareiras,
práticas agrícolas pobres, construções, veículos
sobre rodas e outras atividades provocam a erosão do solo. Embora
a formação do solo ocorra naturalmente, as atividades humanas,
tais como as mencionadas acima, removem o solo em um tempo muito menor
do que o que ele leva para ser criado. Na maioria das regiões,
são necessários cerca de 200 a 1.000 anos para que se forme
uma camada de aproximadamente 2,5cm de terra cultivável, solo esse
que pode ser erodido em poucos dias." (DASHEFSKY, 2001)
Oceanos: "São
um grande depósito de água da Terra. Ao mesmo tempo, contribuem
muito para o equilíbrio térmico da Terra, pois as águas
oceânicas armazenam uma grande quantidade de insolação.
Os oceanos estão todos ligados entre si.As águas que compõem
o oceano possuem características próprias que as distinguem
das águas das terras emersas. Uma delas é a salinidade (presença
de elementos como cloreto de sódio e de magnésio, sulfatos,
potássio e outros). Outra são os movimentos (ondas, marés,
correntes marítimas)." . (OLIVA & GIANSANTI, 1999)
Rios:
"Os rios, na maioria dos
casos, são correntes líquidas resultantes do afloramento
de lençóis subterrâneos junto à superfície.
Esses afloramentos são chamados nascentes. Na verdade, é
um ponto de transferência do depósito externo. Suas águas
escoarão na direção de terras mais baixas, recebendo
águas de enxurradas ou de outros rios, sempre orientadas pela força
gravitacional.
Possuem basicamente três partes, que se caracterizam por uma atuação
diversificada no Ciclo Erosivo: o alto ou
curso superior, onde a partir de suas fontes ou nascentes ocorre um escavamento
vertical dos terrenos; o médio curso, caracterizado pelo transporte
de sedimentos e modelagem das encostas, e o baixo curso ou curso inferior,
onde ocorre a deposição de detritos, nas áreas conhecidas
como foz ou desembocadura." (OLIVA & GIANSANTI, 1999)
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